Josefina Durini - Produtora da Fazenda Alliança Agroecológica

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Início da Fazenda

Josefina, conte-nos como você começou a Fazenda Alliança.

“Vi doze fazendas na região, mas assim que cheguei à “Alliança” em 2007, fiquei encantada. Era o lugar certo para mim, um amor à primeira vista. No entanto, a propriedade estava bastante abandonada havia 15 anos. A infraestrutura deteriorada, mas, como arquiteta, vi um desafio que me animou. Na parte agropecuária, não havia nada. Contratamos um profissional, que colocou gado Jersey, mas não funcionou, pois sempre quisemos manter a fazenda orgânica e essa espécie não se adaptou bem na região.


Sempre primamos pela produção orgânica e nos certificamos já em 2010. Fizemos muitos cursos sobre esse tipo de produção tanto para agronomia como pecuária, vários deles através do Sindicato Rural de Barra do Piraí.”



Búfalas da Fazenda Alliança


Introdução das Búfalas

Perante o fracasso com o gado Jersey, decidi aprender sobre agricultura e pecuária por conta própria. Estudei e visitei outros estabelecimentos e introduzimos o gado Bubalino por sua rusticidade e Produção de leite de altíssima qualidade.

Fomos os primeiros em introduzir búfalas leiteiras na região e os segundos no Brasil em produzir leite de búfala com certificação orgânica

As búfalas, ao contrário do gado Jersey, se adaptaram perfeitamente. Hoje temos um rebanho de cerca de 130 cabeças.


Atualmente a região está se tornando um polo bufaleiro, pelo que estamos muito orgulhosos que a Fazenda Alliança ser a precursora que incentivou esta criação.


Café orgânico


Cultivo de Café e História da Fazenda

Quando adquirimos a propriedade, não havia nenhuma produção agrícola. Descobrimos cafeeiros abandonados, remanescentes da época em que a fazenda pertencia ao José Pereira de Faro (1832-1899), terceiro Barão de Rio Bonito, um grande produtor de café. Foi ele quem conseguiu que a estrada de ferro viesse para Barra do Piraí e não para Vassouras, o que desenvolveu bastante a região.


Com o tempo, o SEBRAE entrou na história em 2017, incentivando o cultivo de café e turismo no Vale do Café. Eles perceberam que havia uma demanda por café da região, mas ninguém o produzia em escala relevante. Assim, um projeto foi criado para incentivar o plantio e até hoje existem vários programas nesta direção. Com apoio da Universidade de Lavras, contatos pelo SEBRAE, com a ajuda do Professor Flávio Borem (@prof.borem), escolhemos variedades mais aptas para a fazenda, como, Catucai, Catuaí amarelo e vermelho e, mais tarde, investimos no Arara. Essa variedade foi desenvolvida no Brasil e uma das suas características, é que a sua conexão com o galho é muito forte, o que a torna especialmente resistente à chuvas fortes, o que gera maior produtividade,


Apesar da altitude da fazenda ser de 500 metros, a relação altitude/latitude (boa distância da linha equatorial) faz com que o clima seja mais ameno e apto para produzir café arábica com sucesso

Precisamos utilizar técnicas adequadas, para ter uma boa produção. Uma delas è plantar em local sombreado e aplicar manejo adequado.

A origem do café Arábica é a Etiópia, em uma região bem florestada, com vegetação semi-caducifólia, que significa que as folhas caducam e caem no inverno e voltam a brotar na primavera. Reproduzimos esse efeito com a poda das plantas que são plantadas no entorno do café. Com isso, forçamos a floração do café na primavera. Eu estive na Etiópia para analisar como eles produzem. Lá o café cresce naturalmente no mato. Diferente da espécie Canéfora, oriunda da Uganda. Reproduzindo o habitat natural da planta conseguimos uma qualidade maior do café.


Técnica de agricultura sintrópica
Felipe Pasini, Josefina Durini e Ernst Götsch


Implementação da Agricultura Sintrópica

Pesquisando maneiras de melhorar nosso sistema, descobri a agricultura sintrópica. Fomos atrás de cursos e formação nesta técnica e enviamos nosso colaborador André para aprender diretamente com Ernst Götsch, o criador da técnica.

Começamos com um projeto pequeno obtivemos ótimo resultado, sem uso de qualquer insumo externo.

A poda das bananeiras, goiaba ou outras espécies nativas, plantadas ao lado do café, são colocadas na base dos pés de cafés e servem de adubo natural. Além disso, as plantas acessórias ao se regenerarem, estimulam o crescimento do café, aumentando sua velocidade de crescimento e produtividade.


Os benefícios são claros: o café cresce com mais saúde, a biodiversidade aumenta e o solo se torna mais fértil.

Essa técnica abre uma grande espaço para pesquisa, pois em função da combinação das plantas acessórias, o efeito sobre a planta alvo, neste caso o café, pode variar.

Poupamos dinheiro ao não utilizar insumos externos. e a produção è alinhada com as certificações internacionais, por ser uma agricultura sustentável e orgânica.


Processo de secagem

Optamos pelo método natural (com polpa) e secamos os grãos em terreiros suspensos. Com o sol forte desta região, deixar secar no terreiro pode sobreaquecer os grãos. Eventualmente, dependendo da umidade ambiental, trabalhamos com estufa elétrica para ter um controle melhor da temperatura e umidade.. A indústria de máquinas brasileira nesta área está muito desenvolvida.


Mirante da Fazenda Alliança


Indicação geográfica

O SEBRAE percebeu que o Vale do Café tinha potencial para obter uma Indicação Geográfica (IG), valorizando a produção local e diferenciando-a no mercado. Para isso, iniciaram um estudo, com o apoio do Ministério da Agricultura, das características da região, incluindo análise do solo, clima e histórico de cultivo, para orientar o processo e identificar a melhor abordagem para garantir a IG. Para isso foi necessário formar uma Associação na região, que compreende 15 municípios a ASCAV (Associação de cafeicultores do Vale do Café)


Entrada da Fazenda Alliança


Desafios e Visão de Futuro

O maior desafio da região é a mão de obra. Antigamente, 650 pessoas trabalhavam na fazenda; hoje, somos poucos mais bem qualificados, só na época de colheita contratamos mais pessoal. É outra realidade. Por isso, investimos em educação e formação para qualificar quem ainda está no campo.


O Vale do Café tem potencial para se tornar referência em café especial, mas precisamos combinar produção e turismo. Hoje, quem vem para a região quer conhecer a história, conhecer e provar bons produtos gastronômicos e ter uma experiência completa, unindo produção e turismo. Isso é essencial para que o café especial cresça e se valorize.



Como saber mais

Se gostou de ler sobre a história e os conhecimentos desta entrevista, você poderá visitar a Fazenda Alliança Agroecológica, da Josefina Durini. Ainda melhor que ler, é conhecer a bela propriedade e casa histórica, sua agricultura e pecuária diferenciada e claro, tomar um café especial orgânico.


Fazenda Alliança Agroecológica

Aberta à visitação e hospedagem

RJ 145 (Barra do Piraí/Valença), Km 47

CEP 22211-100 - Barra do Piraí, RJ


Site: https://www.fazendaallianca.com.br/

Reservas e visitação: reservas@fazendaallianca.com.br

Outros assuntos: contato@fazendaallianca.com.br

Facebook: https://www.facebook.com/fazendaallianca

Instagram: https://www.instagram.com/fazendaallianca/ (@fazendaallianca)

E-mail: reservas@fazendaallianca.com.br



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