Variedades de café Arábica criadas no Brasil

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Além de ser um dos maiores produtores de café do mundo, o Brasil é também reconhecido por sua contribuição ao desenvolvimento de diversas variedades de café Arábica. Conheça algumas destas variedades e as instituições de pesquisa responsáveis pelo seu desenvolvimento.


Caturra


Uma das primeiras variedades de Arábica desenvolvidas no Brasil foi a Caturra. Ela é uma mutação natural da variedade Bourbon, identificada no início do século 20 no estado de Minas Gerais, embora só tenha começado a ser estudada a partir do final da década de 1930 pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Uma das características da Caturra é a baixa estatura da planta (seu nome, em tupi-guarani, significa "pequeno"), o que torna sua colheita mais fácil.


A Caturra nunca chegou a ser oficialmente lançada no Brasil, mas se difundiu rapidamente por vários países da América Latina. Mais tarde, foi incluída em programas de melhoramento do IAC e de outras instituições de pesquisa do país. A alta produtividade e a resistência contra doenças tornam esta variedade ideal para o cultivo em larga escala.


Mundo Novo


Mundo Novo é outra importante variedade de Arábica desenvolvida no Brasil. Ela é o resultado do cruzamento natural entre variedades Bourbon e Typica encontradas em Mineiros do Tietê, em São Paulo. Sementes das plantas originais foram mais tarde plantadas no município de Novo Mundo (hoje Urupês), onde a seleção deu origem à variedade Mundo Novo.


A variedade começou a ser distribuída aos agricultores do Brasil na década de 1950, e novas seleções foram desenvolvidas pelo IAC no final da década de 1970. Seu cultivo teve notável importância comercial no Brasil e em outros países da América do Sul. Produz uma xícara bem equilibrada, com acidez e doçura médias.


Catuaí


O Catuaí é outra variedade híbrida, criada através do cruzamento das variedades Caturra e Mundo Novo. A pesquisa do Catuaí pelo IAC tinha por objetivo produzir uma planta de café mais compacta e resistente a doenças. A hibridização resultou em uma variedade que não apenas cresceu bem em diferentes regiões do Brasil, mas também prosperou em condições climáticas diversas.


A pequena estatura do Catuaí possibilita um plantio e colheita mais eficientes, o que ajudou a intensificar do cultivo de café na América Central nas décadas de 1970 e 1980. O Brasil possui linhagens de Catuaí que se destacam pela alta produtividade, contribuíndo para a expansão das exportações de café do país. O Catuaí proporciona uma xícara de boa qualidade, com sabor doce e acidez característica. É popularmente conhecido nas variedades Catuí Vermelho e Catuí Amarelo.


Icatu


Na década de 1990, os pesquisadores brasileiros começaram a se concentrar no desenvolvimento de variedades de café resistentes à ferrugem da folha do café, uma doença que havia devastado plantações de café em todo o mundo. A variedade Icatu, um híbrido das espécies de café Arábica e Robusta, foi desenvolvida como parte desse esforço. O componente Robusta fornecia maior resistência às doenças, enquanto os genes Arábica contribuíam para melhorar a qualidade da xícara.


Desenvolvido pelo IAC e outras instituições de pesquisa brasileiras, o Icatu rapidamente ganhou popularidade pelo seu desempenho. Mesmo não sendo tão valorizado quanto outras variedades de Arábica no que diz respeito à qualidade da xícara, a resiliência e produtividade tornam o Icatu uma opção essencial para agricultores que buscam minimizar os riscos de doenças e garantir colheitas seguras.


Obatã


Esta é uma variedade relativamente nova, desenvolvida pelo IAC no final da década de 1990. É um híbrido de Bourbon e Timor Hybrid, visando combinar resistência a doenças com uma xícara de boa qualidade. Apresenta acidez e doçura médias.



Yellow Bourbon e Red Bourbon


O Yellow Bourbon e o Red Bourbon são duas variedades desenvolvidas e refinadas no Brasil. Embora a espécie original seja nativa da antiga Ilha de Bourbon (atualmente La Réunion), essas duas mutações de cores foram selecionadas e melhoradas no país, resultando em novas variedades com características únicas. O Red Bourbon é a variedade original, e a mutação Yellow é uma ocorrência natural, com um padrão de maturação e perfil de xícara ligeiramente diferentes.


Desenvolvidos pelo IAC e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), o Yellow Bourbon e o Red Bourbon costumam ser valorizados por sua excepcional qualidade de xícara, sendo o Yellow Bourbon reconhecido por seu sabor frutado e doce, enquanto o Red Bourbon apresenta um perfil mais equilibrado.


O desafio contínuo da pesquisa e desenvolvimento


Através do trabalho de instituições como o IAC e a EMBRAPA, o Brasil criou uma gama de variedades que atendem às necessidades dos cafeicultores e, ao mesmo tempo, atendem à crescente demanda por cafés de alta qualidade. Estas são as variedades mais conhecidas resultantes destes esforços de pesquisa.


Se você tiver conhecimento de outras pesquisas nesta área, ou de variedades que não tenham sido mencionadas neste artigo, compartilhe seu conhecimento comentando abaixo ou entrando em contato com a Rede do Café.

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